ABRIL 2015
Aniki Bóbó, era a password para entrar. Em jeito de pequena homenagem de uma tertúlia com 7 anos a um Cineasta com 106 e lá vamos nós por ali adentro. Vejamos o que nos esperava...
Aniki Bóbó, era a password para entrar. Em jeito de pequena homenagem de uma tertúlia com 7 anos a um Cineasta com 106 e lá vamos nós por ali adentro. Vejamos o que nos esperava...
Kalil é um thriller de ficção que se passa
algures no Afeganistão e que nos mostra o dilema da personagem
principal que, em nome de alguma dignidade e sobrevivência da sua
família, pondera vender o seu rim. O tráfico de orgãos humanos num
local onde domina a pobreza, a miséria e se luta pela sobrevivência
como pano de fundo de uma reflexão sobre a decadência humana e a
podridão com máscara de promessa de um futuro melhor.
Escrita e realizada por Paulo Zumach que não pode
estar presente mas que nos presenteou com um vídeo seu onde nos
introduziu ao seu filme antes da sua exibição, Kalil já ganhou
dois prémios, melhor cinematografia num festival na Índia e melhor
curta-metragem noutro festival em Los Angeles.
Curiosamente não se integrou até hoje em nenhum festival português por razões de... critérios, dá para perceber? Cheirou-me a lápis azul mas já não vivemos em ditadura, pois não? Pois. Adiante.
Curiosamente não se integrou até hoje em nenhum festival português por razões de... critérios, dá para perceber? Cheirou-me a lápis azul mas já não vivemos em ditadura, pois não? Pois. Adiante.
Ficamos a saber um pouco mais deste filme na
presença da sempre encantadora Isabel Pina, que dividiu a produção
com o realizador e que trouxe consigo alguns membros da equipa de
rodagem, nomeadamente a figurante Cátia Monteiro de Brito, a São
Monteiro, figurinista e make-up artist e o Zé Pedro Alfaiate,
perchista, sonoplasta e compositor. Falou-se das dificuldades
inerentes a um projecto com estas características e sem budget.
Encontrar um local que passasse por uma localidade afegã afinal fica
mesmo aqui ao lado, na Malveira. Filmar e refilmar tudo em dois dias.
Actores que falassem a língua ou que fingissem muito bem. Felizes
encontros de sinergias e esforços em nome de um projecto que foi
beber muita inspiração ao exemplo de Reza Hajipour, realizador
iraniano que já vive em Portugal há alguns anos e que tem sido uma
presença assídua nas sessões do Polvo como um dos realizadores mais
produtivos de que há memória. Sangue, licenças, frio, tudo tão
intenso como a própria temática desta história. Espero que passe
por mais salas. Merece a equipa e o público, com toda a certeza.
A floresta das almas perdidas.
O nome é sugestivo e o trailer não lhe fica atrás.
Esta é a primeira longa metragem do José Pedro Lopes que fundou com
a Ana Almeida a produtora portuense Anexo82. E o que é a Anexo 82?
“Uma Ideia.”, respondeu o realizador em jeito de brincadeira com
o próprio Polvo. Eu diria que é mais que isso. É uma inspiração.
Miúdos novos, sangue novo que vem do norte, de onde vem o vento frio
e brilhante.
José Pedro explicou que se inspirou na floresta
Aokigahara que fica no Monte Fuji, Japão para explorar um tema que o
sensibiliza, o suicídio e a partir desta premissa construiu um enredo
que envolve duas personagens que se encontram numa floresta conhecida
por ser o refúgio final de muitos suicidas. Estas personagens
conhecem-se ali mas as suas intenções são bastante diferentes.
A ajudar à conversa juntam-se as actrizes Lília
Lopes e Daniela Love que contam as aventuras e peripécias da rodagem
deste filme ao longo de 23 dias entre Agosto de 2014 e Fevereiro
deste ano na Serra do Caramulo, Porto, Águeda, Vila do Conde e o
Lago Glaciar de Sanabria em Zamora, Espanha.
Já a salivar por mais, ficamos como os lobos das
florestas negras, mas só sai no próximo ano em circuitos de
festivais. Fica a promessa de uma história de terror com uma intriga
muito curiosa e com imagens densas e marcantes. Aguardemos então...
Promessa feita, promessa cumprida.
Diogo Andrade volta este mês e traz consigo o
resultado do exercício realizado durante o 8º Workshop Intensivo de
Cinema Digital. Explica-nos que este Workshop intensivo não obedece
nem a periodicidade nem a local e acontece pelo país em datas que se
vão programando consoante a existência de convites ou a procura.
Desta feita, realizado durante o festival Ficsam, em Faro ao longo
de dois dias, sendo que o primeiro dia foi de formação e o segundo,
de rodagem.
Mudanças de última hora devido às circunstâncias meteorológicas obrigaram a alterar todo um planeamento e assim surge
este Lista de vinhos, com argumento original de João Raposo. Nestes
workshops, podem surgir ideias para colaboração como outros
artistas, e já houve workshops que surgiram precisamente na
sequência de um convite de um artista, como uma espécie de pitch
com resolução via dois dias de trabalho intenso.
Mas falemos desta Lista. Uma história de um
reencontro com um prazo de validade previsto de 15 minutos mas que se
prolonga ao sabor do tinto inebriante que tinge os lábios das
memórias agora revividas pelas personagens. Alguém que insiste em
entrar na trama mas fica lá fora, à espera. Finais adiados, falsos
finais, saboreiam-se todos os momentos.
Faltou riscar a Teresa, talvez fique para outro
filme...
João Carlos Peres e Pedro Cardita, directamente
do Montijo para apresentar um Festival, um Concurso e fazer um pitch,
em DIY mode. Mas vamos por partes.
O FiCa, Festival de Cinema do Montijo realiza-se
para a 29 e 30 Maio, sendo o primeiro dia dedicado a actividades
desenvolvidas com jovens e estudantes da zona à tarde e e noite
apresentação de curtas sobre e do Montijo e o segundo dia está
aberto à participação de toda a gente que queira entrar na
aventura, com sessão de self movies com vencedores do desafio
lançado às escolas e a sessão de encerramento com curtas nacionais
e internacionais. Neste momento, o festival de teor generalista ainda
aceita propostas de filmes, e pelos vistos, vai aceitar até dia 27,
mesmo até à última, para fechar a programação. Dia 28 fica
reservado para fazer as fotocópias, dizem sorridentes.
O conceito do Concurso que só se realizará para o
próximo ano é juntar cinco curta-metragens que sejam realizadas por
dois realizadores de forma a que se perceba no filme a diferença da
realização, ou seja, a história é contada mas a meio muda o
realizador e tem que se perceber essa mudança de prespectiva, sendo
que o desafio é pegar o fio à meada sem fazer um grande rolo. O
argumento continua com o seguimento da história mas a visão, os
olhos pelos quais a visualizamos, mudam. Um desafio interessante com
a promessa de um prémio entre os 3000 e 5000 euros para o filme
vencedor. Nada mau, hã?
Finalmente o pitch da comédia Maluquinho da bola,
onde explicam que procuram um técnico de som, um director de
fotografia e actrizes que tenham interesse e disponibilidade para
filmar no final de Abril e início de Maio. Alguém se oferece? Esta
malta está cheia de vontade e sangue na guelra!
Punk is not dead and lives in Montijo.
As Trutas d'Avalon é um projecto de humor que
começa agora a dar os primeiros passos. Idealizada como uma série
de episódios para serem divulgados na web, tem como denominador
comum o humor sem filtros de censura, idealizada e escrita pelos seus
próprios protagonistas.
Esta noite brindaram o público com A psicóloga e
Pai inconveniente os dois primeiros episódios que já circulam por
aí.
Cristina Basílio e Jorge Picoto juntam-se a um dos
apresentadores da noite Paulo Duarte Ribeiro e juntos vão explicando
as vantagens que há em escrever para actores quando se é actor. A
equipa é pequena e o trabalho gigante mas o resultado parece cativar
muita gente e é óbvia a satisfação na cara dos criadores. É
preciso muito empenho para levar a cabo a tarefa de criar, filmar e
apresentar semanalmente um episódio, mas há que embarcar nesta
lúcida loucura. E se juntarmos no caldeirão a cumplicidade óbvia
de profissionais que se conhecem muito bem e uma dose grande de
tonteria com uma pitadinha de disparate, a mistura torna-se explosiva
e nascem episódios vindos da brumas do non sense e do puro
encantamento. Perlimpimpim, tragam mais Trutas, se faz favor.
E de um trocadilho com um mundo perdido da magia
passamos para um mágico mundo encontrado. É a vez do outro
apresentador desta tertúlia, o Paulo Prazeres chamar até ao palco
as outras partes do trio maravilha, Patrícia Guerreiro e Marzia
Braggion, da equipa da DROID-id para falar um bocadinho deste segundo
capítulo sobre o Boom Festival, a We Are Love webseries. A
colaboração com o Boom não é de agora e já no ano passado, Paulo
Prazeres pode apresentar ao Mundo o resultado dos esforços da sua
equipa maravilha, traduzidos no incrível documentário em duas
partes The alchemy of Spirit.
Depois do primeiro episódio, a curta documental The
Feminine, temos esta noite a oportunidade de ver Permaculture, o
segundo da lista que explora o conceito de auto-sustentabilidade do
festival. Porque há muito que o Boom deixou de ser um festival
exclusivo do transe procurado por malucos que só pensam em consumir
drogas durante uma semana até cair para o lado. O Boom continua a
ganhar prémios internacionais como bandeira da auto-sustentabilidade
e de sensibilzação ecológica. Como vemos no doc, há plantações
de vegetais biológicos onde as pessoas podem ir colher a sua comida
e o espírito de ajuda e partilha respira-se no ar.
O Boom é um espaço de reflexão, bem estar,
diversão, paz, arte, talvez até uma utopia feita realidade, um
mundo ideal para muitos, cada vez mais a ver pela procura. São
viajantes de todas as partes do Mundo que de dois em dois anos rumam
até Idanha-a-nova à procura da magia que só se encontra no Boom. Ao ver
as imagens, os sons, os testemunhos dos organizadores e dos boomers,
percebo perfeitamente porquê.
E ainda imbuída neste
espirito do We are One, escrevo esta crónica, sobre uma sessão
tentacular com alguns problemas técnicos que se tornaram
irrelevantes perante a comunhão de ideias e filmes que por ali
passaram. Lá fora a chuva não caía como promete o ditado de Abril mas mil ideias já me passavam pela cabeça... que tal uma espécie de Boom mas de rock de fusão afegã numa Floresta cheia de almas das que se perdem e das que se encontram, que servisse Trutas d'Avalon, tivesse Lista de Vinhos para todos os gostos, até para os Maluquinhos da bola e tudo. Dava um grande workshop intensivo! Com direito a prémios e tudo! Revolution for the people!
"É impressão minha ou vi ali uns rockeiros a dançar ao som de J-Lo?", pensei eu. A noite já vai longa e podia estar a alucinar. Mas não, está mesmo a acontecer e eu estou ali no meio. É rir, minha gente, é rir que do riso ainda não nos pedem imposto. Nem das tristes figuras que fazemos nestes filmes felizes. É rir!
Viva o Polvo! Viva!
Sloosh
Ass.: M.
"É impressão minha ou vi ali uns rockeiros a dançar ao som de J-Lo?", pensei eu. A noite já vai longa e podia estar a alucinar. Mas não, está mesmo a acontecer e eu estou ali no meio. É rir, minha gente, é rir que do riso ainda não nos pedem imposto. Nem das tristes figuras que fazemos nestes filmes felizes. É rir!
Viva o Polvo! Viva!
Sloosh
Ass.: M.
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